segunda-feira, 9 de abril de 2007

Desconstrução

Algumas paredes da casa em que vivo foram derrubadas.
Estava tudo certo. Quase tudo funcionando.
Mas elas caíram e já não há onde pisar.

Precisei mudar a posição dos móveis.
Outro quarto foi necessário.
E já não tenho mais as coisas nos locais onde estavam.
Eu..., virginiano "organizadinho", com quase tudo no lugar certo,
Não posso dependurar quadros na parede.
Muito menos endireitá-los.

Quero ficar e ver os azulejos serem quebrados e opinar sobre a tinta que será usada.
Sair da casa não adianta.
Enquanto não acabar, nada adianta.

Não mais reclamarei da poeira.
Simplesmente deixarei as lágrimas caírem para que os olhos fiquem limpos e possa ver a mudança.
Imagino que a vizinhança nada perceba, pois tudo se dá no interior.
Por fora, a mesma casa de trinta e tantos anos.
Flor no jardim, Lua no céu.
Cada uma em seu lugar, cada uma com sua beleza.
E eu!?
E eu as observo diariamente, pois não quero que os tijolos velhos das paredes velhas as alcancem.
Espero amanheça.
Espero que o Sol traga luz ao meu dia, para que perceba a parte da casa que esta de pé.

Um comentário:

José Eugênio Rolim Biasutti disse...

Engraçado pensar que desconstruir é mais que construir, é construir do avesso, trabalho assaz espesso, de tempo, de modos.
desejo-lhe muita desconstrução, para que no fim só reste a casa tua, casa como a de Toquinho e Vinícius, sem teto, sem nada, mas contendo todos os sentimentos do mundo, porque para mim não somos casa, mas sim o desejo de morar, de abrigar, de servir...

Abraço fraterno do irmão

Ginius