segunda-feira, 1 de maio de 2017

Ao longo do Caminho

Há muito não via tantos buracos nesse chão
Não consegui tapa-los com a terra que tirei
Sempre há sobra.
Grandes, abismais. Me assombram com o medo da queda.
Ainda assim, os visito
Como se quisesse matar a saudade
Como se quisesse entrar e sair outro, renovado
Como se quisesse conhecer o centro dessa terra árida
Como quem procura água fresca, de poço fundo

Há ainda os buracos pequenos, onde depositei sementes
Tenho cuidado.
Não sei se serão árvores
se árvores, não sei se darão frutos
se frutos, não sei se irei prová-los
Se provar, não sei sobreviverei ao sabor de saber.
No fim, usarei dos troncos e da sombra
Duas vezes antes de pensar

Houve tempo de plantar
E após o choro devem chegar outros tempos
É hora de terraplanar essa terra
Aguar
Plantar sementes
Cuidar da flor
Ser feliz