quarta-feira, 30 de julho de 2008

Tua Imagem

Que farei da imagem tua em que minha vida habitava?
Que farei dos caminhos por onde andavas, sulcando minha terra?
E da guerra que travava para te buscar?
E das flores, do chapéu? Que farei do céu, da boca, e dos beijos que quero dar?
Que farei do colo que imaginava, já que a ida de tua imagem levou também a árvore que seria nossa sombra?
Que farei sem tua imagem, minha construção, se uma nova me apresentas e não me deixas imaginar.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Perda

sim, também perdi alguém.
depois alguém, que nem me pertencia,
e depois outro alguém, que não pôde me conhecer
perdi como se fosse minha, a vida
perdi outro dia, outro alguém na vinda
como a mim mesmo, perdi na ida
com dor que desconhecia.
e agora não há a quem contar
não há para quem cantar
nem sequer poesia de aprender perder

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Das ilusões

Das ilusões que tenho
retiro os sonhos, passados
dias calados, o frio
beijo não dado, o cenho
tez cansada, a idade
da pedra, que tenho
retiro caminhos, passados
dores do chute, dores
dos amores, desilusões.

Das ilusões que tenho, retiro tudo
deixo apenas a lua, intocada
a flor sedenta da água, que não possuo
deixo as penas, o resto e pouco que sou.