quarta-feira, 28 de março de 2007

Pela primeira vez

Após o passeio na mata,
Me vi diferente
Ao te ver novamente pela primeira vez
De boca úmida, silenciosa,
Escutavas a água correndo ao teu lado.

A partir daí, nada de chuva
Nada de canto, nada de pranto ou dor
Iluminada, diante de mim.
E eu, que não sou anjo, nem nada,
Nem mesmo o vento sentia,
Nem mesmo meu nome sabia.

Permaneci calado, mãos inquietas e pulso acelerado
Pus meus pés no riacho
Desejando um toque teu.
Calado, espero que teu amor me dissolva, me derreta
Que me faça iluminado, diferente
ou que permita te veja novamente
Pela primeira vez.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Encontro

Manhã...
O caminho que sigo me mostra o mar
Também o que há na alma que me acompanha
E eu vejo,
Me mostro,
Me vejo.

Noite...
O caminho que sigo me ensina amar
E vejo a lua sair da água que sai do chão
Ensaio um rumo
Saio em rumo a um belo horizonte
Em busca na voz que não ouço agora.
Então, a lua me mostra Deus
E eu vejo,
Me escondo,
Me vejo.

Meu mundo passa a ser um grão de areia.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Papel em Branco

Que Deus me livre de papel em branco.
Olha-me como se me desafiasse
Como se eu, de poucas palavras e idéias, soubesse o que ele quer de mim.
Ora veja! Por mim, ficará ai. Em branco, como veio ao mundo.
Não posso preenchê-lo toda vez que me solicita.
Posso no máximo, e é bom que fique claro, pincelar monossílabos concordando com o que ele afirma.
Precisa entender. Sou virginiano.
Escrever ou pintar a partir do branco deve ser tarefa para arianos. Esses sim sabem se expressar, dar a luz.
Lembro-me um programa de TV de minha infância, onde um pincel molhado era passado em uma tela branca e um desenho lindamente colorido surgia aos meus olhos.
Que prático!
É isso que me falta hoje. Um pincel molhado.
Em duas ou três pinceladas minha agonia iria embora.
Fixaria o olhar na imagem revelada, conhecida antes mesmo do primeiro toque.
Pegaria no colo e a abraçaria, como uma mãe ao filho concebido.
Mas meu amor de mãe ainda não nasceu.
E por isso peço a Deus: Só por hoje, me livre de papel branco.
Pois estou só. E em duas ou três pinceladas a imagem revelada com água, seria colocada no colo. Eu a abraçaria como um homem abraça a mulher que ama, conhecida mesmo antes de vê-la.
Nesse quadro, pediria outras folhas mais e pintaria uma vida ao lado dessa imagem.
Em cada uma, um lugar. Em cada uma, um sentimento.
E como conheço pouco o que sinto,

Peço; Deus, me livre de papel em branco.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Na chegada do inverno

Assim, quando percebi que lua veio de longe
Voava partindo
Em outra direção
Retirando de mim,
Que não sou anjo nem nada,
Suas asas de paixão.
E já não vôo como antes.

Mas não choro por isso
Tenho ainda lembranças
E também a esperança de aprender
Dizer "la mer"

Tenho a certeza de que as aves voam
Na chegada do inverno
Deixando a terra ainda cedo
Para não sentirem frio,
Para não ficarem sem sol,
Para não ficarem sós.

Alguém me Escute

E o que desejo agora é alguem que me escute de maneira calma.
Alguém que seja luz suave e me ajude a suportar o terror da noite.
Alguém que em sua presença não precise falar.
Que não ria do meu choro,
Que não chore com meu riso.

Preciso que ouça minha dor
Mesmo que eu não fale,
Mesmo que me cale em meio a uma frase

Quero alguém assim...
Embora não mereça, preciso.
Alguém que me tire da beira da estrada
Caminhe comigo para eu me refazer
Que perceba meu ritmo de vida que não parou
Perceba meu amor que não nasceu

Quando eu começar a falar,
Preciso de alguém que me ouça femininamente
Com a paciência de quem ama
Antes que perca o tempo a lua, a flor
Antes que me perca sem sons, sem tamanho.
Solitário.

segunda-feira, 5 de março de 2007

A Caminho de Casa

Ando a caminho de casa
Não ouço a chuva que, outrora, molhava minha alma
A cigarra não me mostra seu canto
E ainda assim, alegria é o que há
No canto esquerdo de meu peito.
É nesse caminho que sigo,
Que cheiro a flor que carrego.
E embora o medo de pecar
Construo versos de paixão
Com o coração obssecado
Vigiado pela razão
Que não percebe a quem amo
Agora tento fazer disso um tema,
Um poema, um conjunto de palavras sem rimas:

"EMA, APENAS AVE.
APENAS NOME, QUANDO ISOLADO DE "PO"
PALAVRA PEQUENA QUE ME MOVE AGORA
QUE ME FAZ IMAGINAR ALGO QUE PODERIA SER DITO CASO EU FOSSE POETA
QUE ME FAZ DAR VOLTAS E VOLTAR..."

Com vontade de andar na chuva
Onde cada gota me toca o ombro
Como se me chamasse: Watt... Watt
E tendo muito o que dizer, fico calado
Surge então a saudade, o desejo e o silêncio
Que me impelem, que me impedem
(E talvez por isso, estejam aqui...)
E eu, mudo, diante de ti
Percebo meu mundo distante de ti

Ponto Médio

Se seu sorriso não me transmitisse alegria,
Calaria tudo o que sinto e penso.

E onde a voz da razão, que me permite falar o que sinto?
Onde o sentimento então, que deixa o que penso chegar ao peito?
De onde essa lembrança que me bate agora?
E essa música que não vai embora
com a saudade que me traz você?

Tudo isso é bom?
Tudo isso é bom!

É passado, tão perto...
Tudo me mostra que não tenho nada.
Apenas um escada para subir
Um abraço para dar, carregado de canções e momentos
Sorrisos e lágrimas que irão tocar no ponto médio da razão-sentimento
E dizer:
- Já é tempo de ser feliz!

Como não conheço a força que une as pessoas
E ignoro como fazer coisas boas,
Vôo encantado no tempo
Encontrando abraços, doados com carinho
Abrindo o caminho para as lembranças dos momentos alegres que esqueci.