quinta-feira, 26 de julho de 2007

Ao fechar a porta

estavas na varanda, de costas, como que pensativa
olhavas o céus contemplando a lua.
tocando em teus ombros, te chamo.
como quem vai, toco em tua face as costas de minhas mãos
- preciso pegar a estrada de volta.
num abraço terno, falo aos teus ouvidos
agradeço-os por me ouvir femininamente
[lembro o poema]
- vou pro deserto por uns tempos. pensar nas coisas que estão acontecendo [me refazer]
- não sou anjo, nem nada. Não te sinta culpada por não me salvar.
te solto do abraço [apertava muito]
digo frases que não devia ter dito, como quem vai...
- então, agora... [outro abraço, agora mais breve]
... perdoe minha fraqueza. meus sentimentos também

caminho até a porta olhando-te no olho
não digo palavra
[abro a porta lentamente, para ver se ainda me olha]
deixo que perceba minha lágrima
e meu olhar diz: - tente teu caminho de volta também.
seja feliz!
[fecho a porta, outra lagrima cai]
... sigo.

Dia-a-dia

Ontem chorava...
Chorava como alguém que necessita de colo
como se fosse tempo de tristeza
como se faltasse na vida a beleza, a esperança
como se eu não fosse suficiente
como se não fosse criança, querendo provar o que não pode
como quem ouve uma ode, divina.
Chorava pela estrela vespertina, solitária no céu

Hoje chorei...
Chorei como quem parte só
como se não amasse ninguém
como quem espera um tempo de delicadeza
como se faltasse na vida a esperança, a beleza
como quem não sabe de seu tamanho
como se houvesse provado, sem sentir o sabor
como se me faltasse amor
Chorei por uma lua matutina, solitária, serena em lunação

Amanhã...
Do amanha não sei
A vida me dará os motivos
Mesmo tendo quem me ame ao meu lado
Mesmo tendo muito chorado.
Sairei para a colheita dos espinhos que plantei
Até que meus pés possam pisar o chão
Até que alguém me dê a mão
Até que seja tempo de ser feliz

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Me despedi

disse adeus.
nem sorriso
nem fala
nem choro
e antes que minha fortaleza desabasse
parti.

Chega menina

chega pra cá menina
deixa eu ver seu rosto
deixa eu saber dos sulcos deixados pelas lágrimas
deixa eu saber se a dor foi pequena

chega pra cá menina
deixa eu ver seus olhos
deixa eu saber se eles ainda refletem seu brilho
deixa eu saber se estão vermelhos

chega pra cá menina
chega...
chega...
chega. não posso mais olhar.

terça-feira, 10 de julho de 2007

(in)Vigilância

Hoje me peguei comendo batatas como hóstias
Vigiado pela razão, repeli o prazer.
Deve ser pecado comer assim, o corpo de cristo.
Vigiado pelo prazer, repeli o pecado.
Deve ser prazeroso comer assim, algo tão divino

Deus não ouça esse pensamento meu
Me conhecendo bem,
Sabe de mim melhor do que eu.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Foi assim

Foi assim...
Uma luz brilhou no céu de noite
Com a cor dos olhos de mamãe
Olhos que me vêem bom
Mas, bom é o Pai
Que me deu olhos marrons
E uma estrela cadente
Me fez gente boa

Foi assim...
Um sorriso brotou do fundo da alegria que senti
Deslizando por um caminho longo,
Como se fosse dar ao sol, tendo-o em frente,
Como alguém que gosta da gente ainda tão cedo

Depois, as lágrimas surgiram
Deslizando por um caminho que ensina amar,
Como se eu fosse um grão de areia que não pudesse percebê-las
Como se fosse o mar, a estrada
Como se o que sinto me transformasse o pensamento

A quem for

Seja quem quer que for que for buscar
Seja o que é que for que for levar
Eu já conheço.
Sei do sorriso que quero dar e do olhar que irei receber.
Ambos são bons demais para serem ignorados