terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Acordei Assim

Há muito não via a lua.
Quando o dia amanheceu, vi o céu claro, e esse era meu desejo:
Ve-la novamente. Ainda que não estivesse cheia.
Não ligo para o quarto minguante - meia face iluminada.
Ou mesmo que sua noite não tenha sido bem dormida.
Pois eu a conheço e completo a parte que não vejo.
Ela me completa a parte que vê.

Não quis esperar a noite.
Completo hoje a quarta Lunação.
E vejo sua regencia, sua polarização.

Acordei assim, querendo lua.
Não quis esperar a noite.
Solicitei-a daqui mesmo.
Deixei também que ela me visse.
Matasse minha saudade dos seus olhos me olhando.
Mudos, ficamos conversando. Ela e eu.
Minhas mãos inquietas não acenaram.
Simplesmente se estenderam tentando tocá-la.
Nem mesmo disse bom dia.
Apenas a contemplei
Enquanto minh´alma desejava uma mudança de fase
Quarto crescente - outra meia face iluminada

Hoje acordei assim,
Querendo uma lua
Para dizer do meu amor por ela.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Sem que o tempo passe

Procuro-te agora em sonhos.
Onde posso tocar-lhe a face
Beijar-te os labios
Sentir em teu colo o cheiro de teu solo
E me plantar nele, para que eu cresça
Na tua umidade floreça
Sem que o tempo passe.
Em sonho, ponho-te a meu lado
Cantando para que eu adormeça
Me ninando, menina
Com olhar de quem cuida
De quem me quer assim
Sonhando contigo
Para que te sintas bem
Para que adormeças e sonhes comigo
Tocando meus lábios
Beijando minha face
Sentindo meu colo
Sem esperar que o tempo passe.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

olhando sua janela

- E o que acha que veria?
- Você sentada a mesa, escrevendo. Umas telas inacabadas. Uma cama por fazer, a toalha ainda molhada sobre ela, um copo de leite sobre a mesa.
- Como sabe que eu deixo toalha em cima da cama?
- Não sei.
- Veria também seu pé balancando descompromissado debaixo da mesa. A blusa branca molhada pelo cabelo. Vez por outra uma modida nos labios. Vez por outra uma mordida no lapis, como quem quer se lembrar de algo.
Ficaria imóvel na janela. Passaria horas ali espiando, esperando que algo revelasse sua face pouco iluminada. Você teria a sensação de que alguém te observa, mas não veria ninguém. Quando olhasse para traz, veria apenas um retrato seu, amarelado, mas que lembra sua infância. Você menina, pequena, "opniuda", já escolhendo o que seria quando crescesse.
E somente depois de observar por horas sua casa, perceberia que preciso voltar no outro dia, com esperança de que algo se revele novo, novamente.