domingo, 11 de fevereiro de 2007

olhando sua janela

- E o que acha que veria?
- Você sentada a mesa, escrevendo. Umas telas inacabadas. Uma cama por fazer, a toalha ainda molhada sobre ela, um copo de leite sobre a mesa.
- Como sabe que eu deixo toalha em cima da cama?
- Não sei.
- Veria também seu pé balancando descompromissado debaixo da mesa. A blusa branca molhada pelo cabelo. Vez por outra uma modida nos labios. Vez por outra uma mordida no lapis, como quem quer se lembrar de algo.
Ficaria imóvel na janela. Passaria horas ali espiando, esperando que algo revelasse sua face pouco iluminada. Você teria a sensação de que alguém te observa, mas não veria ninguém. Quando olhasse para traz, veria apenas um retrato seu, amarelado, mas que lembra sua infância. Você menina, pequena, "opniuda", já escolhendo o que seria quando crescesse.
E somente depois de observar por horas sua casa, perceberia que preciso voltar no outro dia, com esperança de que algo se revele novo, novamente.

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