quinta-feira, 31 de maio de 2007

Assim seja...

Oh Pai,
não deixe que minha razão cale os sentimentos que me destes.
Da-me leveza nas mãos para tocar a alma de quem amo.
Tira-me da dor que sinto, a dor que causo.
Que eu possa, no silêncio da noite, falar, ouvir e ver, ainda que por instantes, o sorriso da flor que carrego.

Pai...
Que eu me contente com o muito que posso ter.
E não diga coisas sem sentido, ou que não possa cumprir.
Que eu seja quem sou, mas só doe o que tiver de bom. Apenas o que faça feliz.
Que a compreensão seja presente.
Que o tempo passe devagar.
E que eu aprenda e ensine.
Pai, deixe eu ser poeta.
Que todo dia me apaixone pela primeira vez.
E possa amar todo o dia.
E por hora, da-me forças para suportar-me.

(ouvindo alma nua - Vander Lee)

Olhar Melhora

tua alma me olha como se eu fosse bom
provoca em mim o desejo ser bom verdadeiramente
divido minha alma
parte ofereço para que plante em mim
uma semente que cresça e floreça esperança

outra parte, despejo sobre ti, banhando-te
para que me absorvas inteiro pela metade
para que me traga a vida
para que possas viver
me olhando
apesar de eu ser quem sou

segunda-feira, 28 de maio de 2007

O Inverno Chegara

os seis meses não se alteraram
dois dias se passaram
e é como se o tempo tivesse parado
não houve lunação?
não. não houve!...
não vê?
nada mais é contado,
nem algo que alegre ou que me faça melhor
nada mais é visto,
medo que me quebre, partindo, em dois ou seis.

no coração que habita meu peito oco,
três badaladas, antes que o galo cante
me convidando ao dia de cada dia

o inverno chegara
com ele, o frio e a noite clara,
que permitem ver um halo ao redor da lua, sua nova companhia.
na oca toca do espaço que habita,
o silêncio anuncia o momento do urso hibernar

terça-feira, 22 de maio de 2007

Ovelha Desgarrada

Sinto me como ovelha desgarrada
Dormindo a beira da estrada
A espera de um pastor que me queira.
Que me ame.
Que tire de mim o negro que me separa e me inclui
Sinto que durmo enquanto é dia.
Durmo com fome
Com medo de acordar, ja que o sono me alimenta.
Espero um pastor que tire de mim o medo.
Que me traga uma espada
Que promova a divisão
Que me faça acordar
Que tire de mim a esperança.
Que me tire de mim.
Eu, que não sou anjo, nem nada
Que gosto de chuva e caminho ao vento,
Sou apenas terra árida, necessitando de humidade
E só agora percebo.
Só, agora percebo.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Enquanto a estrada passa...

A caminho de casa
Tenho-te no pensamento
Ao meu lado.
Eu calado, te olho docemente
E ali permaneço enquanto a estrada passa.

Busco canções para cantar a lua
Peço a ela que cante para ti
Esperando alcance tua alma
Prepare minha chegada

A caminho de casa
Tenho-te ao meu lado
Olhando docemente a estrada
E eu, de pensamento calado,
Ali permaneço
Observando tudo que passa.
A lua canta
Encanta minha alma
Deixo de ser eu mesmo
Passo a ser nós.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Decepção

pé de mulher
pede
carinho
eu dou
mão de mulher
manda
viver
eu vou
alma de mulher
almeja
o bom
... não sou

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Um dia de fuga

Hoje resolvi sair da terra em que sou
Que habito
Fugi, num vôo distante
Daquele bem alto, onde se vê a terra pequena
Parada
Serena

Voei...
Não o vôo em V dos gansos
Um vôo solitário, gaivota, Capelo
Como era dia claro, havia um sol no canto direito, aquecendo meu corpo transformado.
Eu, terra, em movimento

Aproveitei a fuga para experimentar as nuvens
Busquei umidade para minha aridez
Como era dia claro, não havia lua no canto
Nem mesmo um canto havia
Nem mesmo lucidez

Percebi as asas que não tenho
Sentimento Razão
Fugi para a terra, que conheço
Que habito
De onde vejo o céu claro
Pequeno
Parado