domingo, 28 de outubro de 2007

Mudança de tempo

Ontem, o escuro quarto me permitia ver o céu
Sabia da presença da lua, mesmo sem vê-la
Via a tempestade que as nuvens anunciavam
Entrelinhas parecendo me apontar renovação

Caminho, em um escrito, deixado pela enxurrada
Sulcos da terra árida.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Se homem feito fosse

Eu, menino,
Busco uma princesa para meus pensamentos
Como se fosse eu um sapo, necessitasse de um beijo para me transformar
Como se não precisasse ser salvo,
Como se não soubesse ser alvo,
Como se sua bela face suficiente fosse para eu amar

Eu, menino,
Recebi a chave
Mas da porta estou distante
Um poço, um fosso, uma ponte, uma torre para alcançá-la
E eu, nem cavalo tenho.
Apenas a espada
Que promove a divisão
Que não me traz paz, mas a guerra
Que me equilibraria sentimento e razão
Caso, eu menino, homem feito fosse
Caso, Eu menino Homem, homem feito, feito fosse.

Mas ai, seria outra a estória
Que eu, menino, não sei contar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Nascer da água

Ontem a chuva visitou-me
Por dentro
Matou-me a sede
Por fora
Tirou-me o calor

Trouxe-me pensamentos novos
Desses que temos quando renascemos da água e do espírito.
Eu, sem resistir,
Deixei invadissem meus olhos, suas luzes
Seus sons, meus ouvidos
E, sem medo, me pus a chorar um choro novo
Desses que temos quando renascemos da água e do espírito

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Esperança do vôo

A poesia insiste, diariamente, em caminhar a meu lado
Chega toda menina, convida e espera, sorridente, um consentimento meu
E eu, menino, não aceito
Faço rodeios, ensaio uma prosa e a despeço

Vendo-a partir, me desfaço
Retomo meu jeito árido, penso na lua e sento-me
A beira da estrada, começo a sonhar

Nesse sonho
A poesia me aparece, menina sorridente, me convida a passear ao seu lado
E eu, menino, a abraço.
Consinto, me dissolvo e vou...
Vôo de mão dada,
Do alto, vejo partir a estrada

Retomo meu jeito, sem verso nem prosa
E espero ...
E espero...
... sentado