segunda-feira, 30 de abril de 2007

Se...

Se eu conseguisse falar ao papel tudo o que tenho a dizer,
Se todo verde me levasse ao Brasil,
Se a canção não trouxesse ninguém,
Se a saudade não fosse voltar,
Se a razão me deixasse provar,
Se um erro me ensinasse,
E eu não me comparasse com Adélia,
um poema melhor eu teria
falando sobre canção e saudade
dizendo o que aprendi ao acertar
mostrando a única pessoa que sou
e que nesse momento posso ter tudo
Se eu conseguir falar ao papel...

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Meu elemento

Meu regente é terra, Terra meu elemento.
Talvez por isso, lentamente, me mova.
Por isso eu seja árido, não fecunde semente.

Deus, chova em mim.
Que não seja pouco, para que me encharque.
Que não seja muito, para que não me transforme em pântano.

Deus, um galho caia em mim, apodreça e me fertilize.
A Flor que trago ao meu lado sente sede e só pode contar com a chuva, que vez por outra vem. O orvalho que outrora caia na madrugada não a alimenta.
Preciso de rios descendo em minhas montanhas. Os que corriam passaram sem que eu deles cuidasse e agora minha flor está sedenta.

É dia de lunação. Hoje não corro para as montanhas, nem observo a lua distante.
Ficarei em um quarto vazio, sem janela, sem piso, sem teto.
Deus, me atenda, ainda que não compreenda o que quer de mim.
Menos ainda, o que quer para mim.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Uma fala ou toque

Por amar,
Permaneço calado, a procura de um riacho para por meus pés
Onde eu possa desaguar, confluir e buscar o mar.
Mas o fluxo estancado no leito, no oco do peito,
Só, consegue transbordar.
Então choro.

Espero a cada noite um toque seu
Eu, que não sou anjo, nem nada.
Espero por uma fala sua,
Que desobstrua meus sentimentos, que estanque as lágrimas.
E permita dizer de minha sinceridade, do quanto é bom esta caminhada.

Essência

se Pê de Planta: Palma
com o C ao meu lado: Calma
na ausência do corpo: Alma

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Ainda é cedo

Ainda é cedo,
E vou trocando as pernas
Cansado e atento,
No caminho de volta
Eu, a chuva e a cigarra
Cada um com seu som,
continuos, movimentando no ar.

Me alegro com a chuva
Que agrada a cigarra
Que canta para mim

Voaria caso quisesse,
No entanto vou trocando as pernas
Cansado e atento
Desfrutando cada momento desse diálogo
E de olhos úmidos, começo a cantar
Sentindo saudade de seus olhos
Que tão distantes tocam meu peito

Só, agora percebo que fala não é o que espero
Nem espero que tudo passe
Só, agora percebo que estamos calados
E Silêncio não é o que quero
Nem espero por tudo, parado.

Percebo que não sou anjo, nem nada
Apenas terra árida esperando tua umidade.
E enquanto pego o caminho de volta
Vejo tudo que não vi na ida.

Apanho vento com a boca,
Degusto e solto pelas narinas
Aquecido com meu prazer
Outro tanto, sinto com os olhos
Que devolvem, alegremente, lágrimas

E a calada noite fala-me em silêncio,
Como posso encontrar, sem estar
Afoito ou tranquilo,
A beleza de viver na calada da noite.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Desconstrução

Algumas paredes da casa em que vivo foram derrubadas.
Estava tudo certo. Quase tudo funcionando.
Mas elas caíram e já não há onde pisar.

Precisei mudar a posição dos móveis.
Outro quarto foi necessário.
E já não tenho mais as coisas nos locais onde estavam.
Eu..., virginiano "organizadinho", com quase tudo no lugar certo,
Não posso dependurar quadros na parede.
Muito menos endireitá-los.

Quero ficar e ver os azulejos serem quebrados e opinar sobre a tinta que será usada.
Sair da casa não adianta.
Enquanto não acabar, nada adianta.

Não mais reclamarei da poeira.
Simplesmente deixarei as lágrimas caírem para que os olhos fiquem limpos e possa ver a mudança.
Imagino que a vizinhança nada perceba, pois tudo se dá no interior.
Por fora, a mesma casa de trinta e tantos anos.
Flor no jardim, Lua no céu.
Cada uma em seu lugar, cada uma com sua beleza.
E eu!?
E eu as observo diariamente, pois não quero que os tijolos velhos das paredes velhas as alcancem.
Espero amanheça.
Espero que o Sol traga luz ao meu dia, para que perceba a parte da casa que esta de pé.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Distante de mim

Estou distante de mim.
Afastando-me, um pouco a cada dia,
De minha vida,
Caminho em outra direção.
Levo comigo o que sinto e penso. Apenas.

Alguém caminha a meu lado, mas não o vejo.
Tento fazer silêncio para ouvir o que diz
Mas sou rebelde.
Quero apenas alguém que me ouça.
Um alguém distante, que existe apenas no campo das idéias e dos sonhos.

Vejo que sou outdoor
Não preciso falar nada
Todos percebem meu estado de anjo que ainda não nasceu.
Todos sabem que sou terra árida
Parada a beira da estrada
Com os sentimentos excluindo minha fala.

E não importa o que diga
A lua percorre o céu
A flor busca a terra
E eu ...!?
Caminho em outra direção...

Talvez consiga fazer o caminho de volta
Mesmo tendo passado da linha limite.
Mesmo tendo atado tantos nós.
Mesmo que esteja tão distante de mim